Aprender A Ignorar Certas Coisas

É Um Dos Grandes Caminhos Para a Paz Interior

Sinto que há algo que tenho de fazer,
Algo que transcende o significado da minha existência
Não sei se através da sombra da profecia
Ou seguindo a plenitude da luz das estações

Mas as palavras envolventes denunciam o desígnio,
Denunciam a razão do meu amor, do meu querer
E tento através delas contemplar numa neblina que emerge
A razão do rodopio efervescente que sinto no coração.

Pensar em ti inquieta-me a alma, o espírito
E enriquece-me de uma forma desigual
Pois és presença constante e irreflectida
Nos pensamentos que solidificam os meus dias

Entre a noite e o dia confidencio os meus sentimentos
Dissimulando nas gotículas da chuva uma desculpa perfeita
Para o anestesiar da saudade que sinto por ti
Tamanha é a vontade do ser que anseia

Que Sonho Comprarias...

Se Houvessem Sonhos Para Vender?

Através do tempo espreito no universo
A beleza da alma ausente no raiar dos dias
E deparo-me com o silêncio numa estrada sem chão
Com um olhar vazio numa vida sem luz

A angústia amarga nas estrelas cadentes de um céu sem cor
Ilustram a infindável linha das palavras
Que rodopiam num mar de saudade
Cobiçando a verdadeira essência do vidro que no fogo se molda
Tornando férteis os sentimentos que purificam no silêncio da alma

Passo a passo marco rotas sobre a amargura dos dias
Dispondo de forças que abafam a dor do cansaço
Elevando a voz do coração sobre o som da razão
Perseguindo o mais leal sopro do teu respirar

Murmúrios do vento que advêm do vale dos segredos
Sussurram uma melodia que outrora escrevi para ti
E nos fez traçar sonhos que contemplavam no negrume da noite
Um refrescante esboço de luz sobre a aurora do amor

Sem ti não passo de um sonhador, um romântico incurável
Que te ama em cada renascer do sol, em cada linha do querer
E me faz capaz de atravessar vales e oceanos sobre asas inexistentes
Pois só a teu lado sou capaz de pernoitar e sentir-me em paz

Desculpa

Te olho nos olhos
E você reclama que eu te olho muito profundamente
Desculpa,
Tudo que vivi foi profundamente.
Eu te ensinei quem sou

E você foi me tirando os espaços entre os abraços,
Guarda-me apenas uma fresta.
Eu que sempre fui livre, não importava o que os outros dissessem.
Até onde posso ir para te resgatar?
Reclama de mim,
Como se houvesse a possibilidade de eu me inventar de novo.
Desculpa, desculpa se te olho profundamente, rente à pele
A ponto de ver seus ancestrais nos seus traços,
A ponto de ver a estrada muito antes dos teus passos.
Eu não vou separar as minhas vitórias dos meus fracassos
Eu não vou renunciar a mim; nenhuma parte,
Nenhum pedaço do meu ser vibrante, errante, sujo, livre, quente.
Eu quero estar viva e permanecer te olhando profundamente!"

Maria Quitéria