Alquimia do Amor

O Desejo De Escrever Desenvolve-se Escrevendo

Acordei com a boca seca, com sede de ti,
Com vontade de encostar os meus lábios nos teus
E sentir a ousadia de uma língua num beijo atrevido

A maneira como me observas
E me despes num olhar de desejo
Arrepia-me a pele e provoca-me um mar nas mãos.

A sede dá lugar á fome,
E o corpo é refeição que sacia toda a nossa necessidade
Onde matamos o insaciável desejo da saudade.

Entregamo-nos sem pudor a um querer e poder
Num bailado puramente excitante, sensual e provocante
Onde nos alimentamos do mel do pensamento
E nos deliciamos nos gemidos da alma

Os contornos do ser são guias de perdição
Onde nos perdemos no néctar da eternidade
E assim escrevemos e nos reescrevemos
No eterno destino da Alquimia do amor

Jardim Do Amor

A Neve E As Tempestades Matam As Flores
Mas Nada Podem Contra As Sementes

Saudade é afrodisíaco poderoso que tem o dom de te trazer até mim,
Fazendo-te repousar sobre o meu corpo como uma suave neblina,
Envolvendo-nos num delicioso e quente abraço,
Sentindo o teu toque macio e penetrante.

Percebo nos teus sussurros a malícia dos teus desejos,
No sorriso um beijo ardente e excitante,
No corpo uma gota de suor começa a ganhar vida,
Arrepiando-te de prazer,
Convidando-me ao horizonte do seu destino.

Explorando cada poro da tua pele que exala o mais delicioso aroma,
Perco-me no trajecto que vai da alma ao coração
Amando cada segundo em que viajo sobre ti
E te sinto atravessando dimensões

É indescritível acordar com o teu sabor nos meus lábios
E poder neste novo dia reencontrar-te no jardim do nosso amor
Onde plantei e reguei com carinho as sementes dos meus sentimentos
Para que ganhassem raízes e se ramificassem no solo do teu coração
Brotando flores diariamente no caule do nosso destino

Sem ti

Um Dia é Preciso Parar de Sonhar e,
De Algum Modo, Partir

A noite chega, o sono não
Mas os olhos fecho, e os sonhos percorrem-me
Como magia propagada no ar circundante.
Sinto falta da tua roupa espalhada pelo quarto,
Da pele desvanecida mergulhada nos lençóis,
Do perfume inquieto, do sabor inconfundível,
Sinto a tua falta nesta cama vazia, neste quarto taciturno.
Não sinto mais o tempo passar,
Tu és os ponteiros do relógio que dá vida aos meus dias
Não adianta virar o rosto, fechar os olhos e fitar o nada
Sem ti não vejo, não ouço e desligo-me do mundo.

Serenidade

Os Anjos chamam-lhe de alegria celeste,
Os Demónios chamam-lhe de sofrimento infernal,
Os Homens deram-lhe o nome de amor

É nestes momentos em particular
Quando estou mergulhado em dezenas de papéis amarrotados
Com rascunhos ilegíveis de pensamentos desordenados
Que a saudade se torna um amigo fiel mas deveras cruel.

Os meus olhos perdem-se no horizonte de uma fotografia
E as recordações ganham vida na extensão infinita do tempo
Resumindo-se aos instantes passados a teu lado
Onde a realidade se confunde com a mais doce fantasia.

Se de algum modo estas linhas que escrevo
Pudessem ensinar-te o caminho até ao meu coração
Repararias que ao longo de todo o percurso
O tecido da minha vida é transparente como a água de um rio
Desejando percorrer o seu destino até desaguar nos braços do mar.

Eu por sua vez desejo repousar nos braços do teu carinho.
Pois foi sempre neles que encontrei a serenidade suficiente
Para me sentir completo e extremamente feliz
Na simplicidade do teu ser respiro a manifestação do amor